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  • Foto do escritortexto e fotos de Dimitry Uziel

Lollapalooza 2016 - sábado


O mês de março, em São Paulo, fora musicalmente marcado pelo festival Lollapalooza, o quinto nesta grande metrópole e terceiro no Autódromo de Interlagos. Engraçado e estranho era presenciar parte do público ficando de costas para o palco durante boa parte dos shows para fazer suas já consagradas selfies (rs). Claro que não podemos generalizar. Mas, de fato, os tempos mudaram. Acredite, muitos nem sabiam qual era a programação do Lollapalooza; estavam ali, perdidos em terreno estranho, simples e puramente atrás de diversão cara. “Saudade dos tempos em que se ia a um show pela música e não pelo status e pelas fotos que, obrigatoriamente, terão que passar pelas redes sociais”. Mas, enfim.

THE JOY FORMIDABLE

O primeiro dia do festival apostou em bandas menores durante o início e no Eminem como headline, o que deu muito certo (para as bandas pequenas). O público estava realmente “interessado” nas apresentações menores. O trio do País de Gales, The Joy Formidable, por exemplo, conquistou novos fãs com sua performance delirante e deixou os seus antigos fãs ainda mais apaixonados. Essa foi a primeira vinda da banda ao Brasil e fizeram valer a pena. Pontualmente às 15h30 deram início a sua apresentação com a lindíssima “The greatest light is the greatest shade” (The Big Roar, 2011), estranhamente, nesse exato momento, o sol escaldante que fritava sem piedade o público, simplesmente se escondeu atrás de uma grande nuvem que não se dissolveu até o final do show. Entre alguns ‘Thank you so much’ uma canção dilacerante surgia no repertório, fazendo a sábado ficar ainda mais quente. No fim de sua apresentação, a simpática Ritzy (vocal), desceu do palco para abraçar e cumprimentar o público.

EAGLES OF DEATH METAL

Já no palco Onix, quem fez o sábado pegar fogo foi a banda californiana Eagles of Death Metal, também conhecida por fazer uma ótima cover de Save a Prayer (Duran Duran) e por estar se apresentando no teatro parisiense Bataclan, em Paris, durante um atentado terrorista que matou dezenas de pessoas em 13 de novembro de 2015. A quem diga que a banda se beneficiou do ocorrido, mas o que importa mesmo é que eles fazem um Rock Garageiro de primeira, sem frescura, com muito entusiasmo e guitarras sujas, o que o torna a banda, sobre o palco, durante um ao vivo, ainda melhor que o EODM de estúdio. Como já era esperado, Josh Homme (bateria) não veio.

A frase que marcou, talvez por quase todos entenderem perfeitamente o que Jesse Hughes quis dizer foi: “Vocês não fazem ideia do quão importantes são para mim”. Esse foi o primeiro grande show da banda após o atentado. Mas logo, Jesse e seus comparsas já estavam em outro clima, dizendo entre gargalhadas que daria algumas fotos dele pelado para as fãs.

O público já parecia estar curtindo bastante, mas foi em “Save a Prayer” que o coro veio a baixo. Versão muito bacana executada ao vivo.

O rock sacana do EODM foi energético e grandioso no festival, comprovando que o público, ainda que muito misto, estava afim de aproveitar para conhecer coisas “novas”.

TAME IMPALA

Os australianos do Tame Impala, não fizeram muita questão de aparecer, aparentemente queriam mais que o telão hiper-psicodélico fosse destaque durante a execução de suas musicas. Praticamente o show inteiro foi de escuridão no palco, quando a iluminação decidia surgir, era o já tão odiado magenta e azul entre fumaça. Muito me lembrou o show do MGMT em 2014 no Circuito Banco do Brasil. Mas ainda assim, os caras se saíram muito bem, e se o propósito era hipnotizar, conseguiram, pois não havia como não fixar o olhar no telão durante aqueles sons.

Foram poucos momentos vibrantes, um tanto morno talvez, mas com ótimas execuções do repertório. “Mind Mischief” e “Elephant” fizeram o público vibrar um pouco, mas foi quase no final, em “Feels Like We Only Go Backwards” que o palco Skol reagiu entre milhares de papeis picados disparados do palco. Foi com “New Person, Same Old Mistakes” que o Tame Impala se despediu do Lollapalooza Brasil 2016.

EMINEM

O headliner do primeiro dia do festival trouxe a arena principal um repertório de hits durante quase uma hora e meia de show, tirando fôlego sabe-se lá de onde para rimas rápidas e enfileirando música atrás de música.

A princípio, era meio evidente que o show de Eminem fora sutilmente prejudicado pela apresentação do Mumford & Sons que tocara minutos antes no palco Onix, e o trajeto de um palco ao outro era consideravelmente distante até que o público conseguisse chegar até o palco Skol, onde o rapper se apresentava. Mas logo estava devidamente lotado.

Eminem fez os fãs vibrarem com um repertório que contou a trajetória de quase vinte anos de estrada, trazendo nostalgia e empolgação em sua inquietação sobre o palco do Autódromo de Interlagos. Em “Not Afraid”, falou sobre sua antiga relação com drogas: “Fiquem loucos por mim, eu não posso com as drogas”.

Sabe-se lá por qual motivo, mas o rapper não permitiu a transmissão de seu show nas emissoras e nem mesmo que fosse fotografado pela imprensa que cobria o festival. Sempre tem uns “desses” em festivais desse porte.

Em suma, o rapper representou bem a diversidade do festival, que contou, durante todo o dia com estilos tão diferentes, passando pelo pop do Of Monsters & Men, o hard core do Bad Religion, o peso do Matanza e nomes como Marina and The Diamonds (que tocava no mesmo horário que Eminem, no palco Axe), o indie do Cold War Kids entre outros.

 

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