Cold Cave _ Uma noite para recordar
O atual cenário Dark/New/Synth Wave anda, de modo relativo, um pouco carente de bandas em sua forma mais “orgânica”, por assim dizer, estamos continuamente nos deparando com “duos” e sonoridades quase sempre similares, raros são os casos de algo que se destaque de maneira mais autentica. Mas não compreenda que essa nova onda de duplas são, em sua totalidade, algo que se deva ignorar — muito pelo contrário —, muitas delas são ótimas e entregam, sem sombra de dúvidas, um trabalho digno de audição atenciosa, contudo, como já foi mencionado, muitas soam por vezes “parecidas”. E é aqui que entra o Cold Cave, em forma de banda, com sintetizadores, sim, mas se destacando ao lado de nomes do mesmo tamanho que o seu, com uma sonoridade mais próxima do singular, capturando essências, de maneira poética, as ondas de outrora e dando uma nova roupagem. E, para fim de encantar sua ainda pequena legião de fãs, eles fazem um trabalho excelente sobre e fora do palco.
Sexta-feira, 06 de setembro de 2024.
Após a rápida, porém ótima e precisa apresentação da banda paulista, já velha de guerra, Das Projekt — que lançou em janeiro deste ano seu mais recente disco, "Down to Earth" —, Wesley Eisold e seus comparsas, Brian Masek, Anthony Lynn e Ryan McMahon, puseram-se ao palco do Carioca Club para uma performance ímpar, infelizmente para um público muito pequeno, talvez pouco mais de 300 pessoas, nem mesmo metade da casa estava preenchida, mas isso não interferiu em nada na qualidade e na entrega do show.
O Cold Cave é, de fato, uma daquelas bandas capazes de conceder um ao vivo tão bom quanto seus discos. E, em músicas como “Glory”, “Confetti”, “A Little Death to Laugh” e “Promised Land” isso tornava-se ainda mais evidente, perante a animação daqueles que ali estavam e, notoriamente deleitavam-se, canção após canção. Sua música traz, além da poesia, nos traz uma espécie de sensualidade soturna e dançante, que talvez se esconda por trás dos óculos escuros, no semblante esguio, à la Andrew Eldritch, de Wesley Eisold. Singles lançados muito recentemente também entraram para o setlist, como: “Shadow Dance” (abril de 2024) e “Blackberries” (maio de 2024), músicas que dão o tom para o que está por vir, em seu próximo disco, “Passion Depression”, que será lançado em 15 de outubro.
Para tristeza de muitos — quiçá de todos — foi um show curto (possivelmente por normas da casa), um repertório de 15 músicas, sendo 12 no primeiro ato, e 3 no bis, executadas de forma magistral, impecáveis sons que, cedo ou tarde, se tornarão hinos noturnos.
É realmente um presente para o submundo alternativo, produtoras como a Grains of Sand Booking trazerem nomes como este para nossas terras tropicais. Nomes que há pouco tempo imaginávamos ver apenas fora do país. Mas tão importante quanto isso, é ter nomes brasileiros sempre ao lado das atrações internacionais. O mesmo tem feito a Post Punk Brasil e Wave Records, por exemplo.
Por fim, aquelas poucas almas que estavam sob as luzes do Cold Cave naquela noite de setembro, certamente irão corroborar meu relato, e hão de se recordar que cada minuto valeu por estarmos ali, vivendo a história da banda, frente a frente.
Fotos de Dimitry Uziel
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