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uma noite dark em SP (Molchat Doma + Jenni Sex)


Molchat Doma por Dimitry Uziel
Foto de Dimitry Uziel

A frase “dispensa apresentações” comum e naturalmente é utilizada em textos nos quais citamos nomes clássicos e conhecidos por um público massivo, nomes como Joy Division, Siouxsie & the Banshees, The Cure, Depeche Mode ou outros grandes nomes do Synth Pop e do Pós-Punk — já que é sobre isso o assunto —, porém, em raros casos podemos usá-la também quando o assunto diz respeito a um nome recém-nascido, como é o caso do Molchat Doma (ou Молчат Дома, em russo), que veio ao mundo no ano de 2017. E, ainda que nos tenha sido vendido como “um fenômeno do TikTok” — e, de fato, o aplicativo ajudou a alavancar a banda, tendo a música “Sudno” como trilha de memes e vídeos virais, talvez, não fosse por isso, não o veríamos tão cedo por terras brasileiras —, devemos considerar que o trio bielorrusso possui méritos grandiosos e talento ímpar. Ouvidos atentos, que vivem no submundo da onda dark já conheciam Egor, Pavel e Roman desde seu debut “From Our Houses’ Rooftops” (С крыш наших домов), 2017.


Pois bem. Esta introdução nem fazia parte do que eu realmente queria dizer, afinal, “dispensa apresentações”. O que importa mesmo é que na última segunda-feira, 11 de abril de 2022, o trio de Minsk veio até São Paulo para mostrar que estão muito, muito, muito além de um mero hit de aplicativo. Claro que, após um breve silêncio proposital, a introdução da bateria eletrônica de Sudno (Cудно) fez com que as 3 mil pessoas presentes na Áudio (Barra Funda) gritassem em uníssono.

É notório que o trio é mais que capaz de sintetizar o melhor do pós-punk e do synth sobre o palco e traz em seu ao vivo canções fidedignas quando comparadas aos discos, com o plus de sua insana, porém sisuda performance de palco, os olhares desconfiados e desafiadores do personagem que Egor Shkutko nos apresenta ao chegar. Poucas palavras em formato de discurso, muita música. Se for possível resumir o Molchat Doma em alguns adjetivos: melancólico, dançante e introspectivo talvez sejam válidos. O trio trouxe um repertório recheado de seus três discos; o já citado “From Our Houses’ Rooftops” (2017), o segundo, “Etazhi” (Этажи) de onde se extraiu a fatal Sudno (Cудно), de 2018, e o mais recente “Monument” (2020).

Era um evento darkwave se quisermos resumir, e víamos desde os mais jovens morceguinhos aos mais antigos góticos transitando por ali; uma moça com um patch da Vox Lugosi, um senhor com chapéu de Carl McCoy, um rapaz muito jovem com uma camiseta do Cão da Meia-Noite, uma gama diversificada de pessoas, o tipo de lugar onde se quer estar, todos aguardando ansiosos pela entrada do Molchat Doma enquanto assistiam atentos e encantados a banda de abertura escolhida pelo baixista Pavel Kozlov: Jenni Sex, o trio paulista que mereceu estar sobre aquele palco, sob aquele momento e merecedor de cada aplauso. Não é difícil descrever o show da Jenni Sex, foi apocalíptico, excitante, despertador, grandioso. Quem não conhecia o trio, não se decepcionou. A pele arrepiava ao ver o público se deleitar e gritar a cada finalização de uma música. Posso dizer com prazer que vi a Jenni Sex há aproximadamente 10 anos, e a evolução da banda é alta, favorável e lógica.


De todos os eventos que já cobri na Áudio, sem dúvida, foi o que me senti mais em casa.


Agora, só podemos esperar por nomes como Ploho, Human Tetris, Buerak ou Nürnberg por aqui também. Amém?


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